Talvez um dos pilotos mais azarados de sempre, Mansell ficou conhecido pela sua garra e vontade de vencer, pelo seu talento e pelo seu empenho. Foi traído demasiadas vezes pela mecânica fruto de uma época de grandes e profundas inovações tecnológicas, sendo exemplo disso a introdução das caixas de velocidades semi-automáticas e as suspensões activas. Mansell encontrava-se na primeira equipa que desenvolveu e introduziu as caixas semi-automáticas, a Ferrari em 1989 e 1990, e quando regressou à Williams, em 1991, também esta equipa realizava a sua primeira época recorrendo a esta tecnologia e em fase de desenvolvimento. 1986, 1987 e 1991 poderiam ter sido os seus três primeiros campeonatos do mundo...
1986 - GP Austrália (última corrida do campeonato) Mansell chega a esta corrida em 1º lugar do campeonato. Durante a corrida, quando seguia em 1º lugar que lhe garantia o título de forma confortável, o pneu traseiro do Williams rebenta quando rodava praticamente a fundo, originando um despiste que o obrigaria a abandonar a corrida. Prost beneficia do abandono e sagra-se Campeão do Mundo por apenas 2 pontos de vantagem sobre Mansell, naquele que deverá ter sido o campeonato mais improvável que Prost venceu...
1987 - GP do Japão (penúltima corrida) Depois de alguns abandonos durante o decorrer da temporada devido à introdução e desenvolvimento da nova suspenção activa por parte da Williams, nas últimas 4 corridas do campeonato a Williams decide voltar à suspensão convencional. Após esta decisão, Mansell venceu as duas corridas imediatas, restando o GP do Japão e GP da Austrália para terminar o campeonato e conseguir o tão desejado título. No entanto, um acidente nos treinos do GP do Japão impediriam-no de realizar as duas últimas corridas, perdendo o título para Nelson Piquet, por 12 pontos. Isto apesar das 6 vitórias e 8 poles obtidas por Mansell contra as 3 vitórias e 4 poles de Piquet...
1991 - O regresso à Williams - Apesar de vencer a primeira prova do campeonato de 1989, o GP do Brasil, e na primeira vez que se sentou aos comandos de um Ferrari, a falta de fiabilidade dos Ferrari com as novas caixas de velocidades acabariam por levar a abandonos sucessivos durante toda a época quando Mansell seguia em posições cimeiras ou mesmo como líder da prova. (Ambos os Ferrari abandonaram em 5 corridas consecutivas! O colega de equipa Gerhard Berger abandonou 13 das 16 corridas, conseguindo 11 abandonos consecutivos!) Esta situação acabou por desolar por completo Mansell ao ponto de este se decidir pela sua retirada do mundo da F1, anunciando-a em conferência de imprensa. Os seus esforços não eram correspondidos: Piloto de topo e ousado, habituado a disputar as vitórias, líder do campeonato do mundo, quando todas as condições se encontravam reunidas para triunfar algo teimava em correr mal impedindo-o de alcançar o merecido título e o reconhecimento. Seria a única vez que se daria por vencido, anunciando o seu abandono da competição.
No entanto, Mansell continuava a ser um dos melhores pilotos que havia passado pela Williams, conseguindo excelentes resultados em anos anteriores. Após difíceis negociações, a Williams garantiu a Mansell que lhe conseguiria oferecer um carro para a nova temporada que estaria à altura das suas exigências e ambições. Um carro que permitiria a Mansell vencer o campeonato do mundo! Mansell não pretendia regressar, mas a Williams após várias tentativas conseguiu convencê-lo. Após meses de desenvolvimentos e investigação tecnológica, surgia o novo Williams: o FW14... (com recurso à caixa semi-automática pela primeira vez...)
O que prometia ser uma época inesquecível e vitoriosa acabou por revelar-se... precisamente o contrário. Nas primeiras três provas do campeonato, e quando seguia nos lugares da frente, os problemas com o Williams e a nova caixa de velocidades surgiam e obrigavam novamente ao abandono... a história voltava a repetir-se. No entanto, nas 10 provas em que a mecânica do Williams não cedeu, Mansell conseguiu 5 vitórias e 4 segundos lugares, mesmo após a desqualificação do GP de Portugal onde, depois de ir à box quando seguia na frente uma roda traseira ficou mal apertada e se soltou do carro, ainda nas boxes. Mansell regressou à corrida mas acabaria por ser desqualificado. Uma vez mais, acabava o campeonato no 2º lugar.
GP Inglaterra - Silverstone 1991
GP Portugal - Estoril 1991
1992 - Finalmente o título! A evolução do Williams FW14, o FW14B, acabou por finalmente se revelar fiável e competitivo! Nigel Mansell finamente tinha um carro à sua altura e provou ser imbatível! Venceu as 5 primeiras corridas da época, chegando ao final do campeonato com um total de 14 Pole Positions (das 16 provas totais!), 9 vitórias e 3 segundos lugares! Terminou o campeonato em 1º lugar, com 108 pontos, praticamente o dobro do 2º classificado Riccardo Patrese! Mansell, o grande piloto!
1993 - O campeonato Indy - Chegar e Vencer! - Após a vitória na F1 em 1992 e talvez finalmente com condições para voltar a triunfar, Mansell recebeu uma nova proposta que representava (mais) um novo e arrojado desafio: depois de finalmente obter o tão aguardado (e difícil) título na F1 que tão bem conhecia, teria de rumar aos EUA para disputar um campeonato "perfeitamente desconhecido" e muito próprio: o campeonato CART Indycar World Series. Totalmente distinta da F1, a Fórmula Indy incluía as particulares pistas ovais características nos EUA e desconhecidas na Europa. Com um total de 5 vitórias na primeira época em que participou, Mansell acabaria por vencer o 1º campeonato Indy que disputou, tornando-se assim no 1º Rookie de sempre a vencer o campeonato de Indy!... e o 1º de sempre a ser Campeão do Mundo de F1 e Indy em simultâneo!
Gp da Hungria 1989 - Partindo da 12ª posição, Mansell inicia uma recuperação fantástica e inacreditável! Chegado ao 2º lugar, Senna seguia na frente e Mansell protagoniza um dos momentos históricos da F1 com uma ultrapassagem surpreendente, terminando a corrida no 1º lugar com 0:26s sobre o 2º classificado, Senna, além de estabelecer a volta mais rápida ao circuito em 1:22:637! Dedicou a corrida e a vitória a Enzo Ferrari.
Nigel Mansell protagonizou grandes momentos na F1 que se encontram apenas ao alcance de alguns. Foi contratado por dois dos mais influentes nomes do desporto automóvel de sempre que, obviamente, saberiam de imediato reconhecer um grande talento: Colin Chapman (que o trouxe para a F1) e "Il Commendatore" Enzo Ferrari (que fez questão de o ter na equipa!). Mansell foi o último piloto a ser contratado por Enzo Ferrari. Nigel Mansell a.k.a. The RED 5
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